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AUMENTO NA PROCURA POR CLUBES DE TIRO

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A procura por clubes de tiro cresceu até 60% no último ano, de acordo com donos de estabelecimentos. O G1 ouviu atiradores e representantes de clubes de tiro de Niterói, Centro do Rio e Baixada Fluminense, que contaram que houve um aumento significativo na procura pelas aulas entre 2017 e 2018. O crescimento da violência urbana, segundo eles, foi o principal responsável pelo interesse das pessoas de procurar os locais de treinamento.

Entre os perfis que mais buscaram informações recentemente nos clubes estão médicos, empresários, profissionais liberais, militares, pessoas jovens e muitas mulheres.

“Em relação a essa busca, no último ano, nós tivemos um aumento que eu considero entre 50% e 60% de procura. Quando falamos em procura, estamos trabalhando com percentuais, mas não quer dizer que todas essas pessoas que procuram preencham os requisitos necessários para praticar o tiro esportivo”, explica Rildo Anjos, presidente do Clube Calibre 12, em Niterói, instrutor de armamento e tiro e consultor especialista em armas.

Rildo justifica toda essa onda por conta do crescente índice de violência urbana. “A procura pela prática de tiro esportivo teve dois fatores de grande relevância. O primeiro, infelizmente, foi o aumento da criminalidade no país. Isso leva o cidadão de bem a se preocupar com sua defesa pessoal e, através de clubes, busca uma capacitação técnica pra, no mínimo, tentar proteger o seu lar, onde o estado não tem tanta interferência”, acrescenta.

Outro ponto relevante, segundo o especialista, foi a Olimpíada do Rio em 2016, em que ganhamos medalha de prata no tiro esportivo, com o atleta Felipe Wu.

O gerente Macedo, de um clube no Centro da cidade, conta que o aumento foi de 60%, com empresários mais interessados. “Geralmente, pessoas que têm estabelecimentos comerciais e grandes negócios”.

AMPLIAÇÃO DOS CLUBES DE TIRO

Governador eleito, Wilson Witzel quer aumentar o número de clubes de tiro no Rio de Janeiro. Atualmente, existem cerca de 25 no estado, em diferentes áreas, de acordo com os filiados na Federação de Tiro Prático no Estado do Rio de Janeiro e na Federação de Tiro Esportivo no Estado.

A justificativa de Witzel para a ampliação dos clubes de tiro é que isso pode ajudar na flexibilização do Estatuto do Desarmamento. A assessoria do novo governador, no entanto, disse que ainda não existe estudo nem valor de investimento para o projeto.

Entretanto, instrutores e donos de clubes alegam que não é tão simples abrir novos estabelecimentos de instrução de tiro.

“O Exército vem frequentemente inspecionar o clube, com várias exigências. Para abrir, não é tão simples assim, é necessária uma série de avaliações, documentações, normas de armazenamento de armas e munição. Se o Witzel quiser aumentar isso, vai precisar de um estudo, pessoas muito capacitadas e bastante investimento”, argumenta o responsável por um clube na Baixada, que não quis ser identificado por conta de sua segurança.

“Isso não é uma coisa fácil, ainda mais em um país em que as pessoas estão há aproximadamente 15 anos sem entender o seu legítimo direito à posse de armamento. E sequer tem educação para arma de fogo. Então, o Brasil primeiro tem que criar uma educação para uso de armas para depois evoluirmos para uma cultura de arma de fogo. Aí a gente vai começar a tratar isso com mais desenvolvimento”, complementa Rildo.

QUEM PODE FREQUENTAR OS ESTANDES E REQUISITOS NECESSÁRIOS

Nos clubes, os alunos aprendem regras de segurança no uso da arma de fogo, técnicas de defesa e regras nas mais diversas modalidades de tiro esportivo, até se tornar um atirador.

Podem frequentar os clubes pessoas maiores de 18 anos (menores somente através de autorização judicial), que não estejam respondendo a processo criminal, aprovadas em laudo de aptidão psicológica e laudo de capacitação técnica de tiro, além de estar filiado a um clube de tiro.

A partir desses pré-requisitos, o postulante poderá requerer, junto ao Exército Brasileiro, o seu Certificado de Registro (CR). O CR tem duração de 3 anos e registra a pessoa física na prática do tiro esportivo, além de permitir aquisição de arma de fogo mediante autorização do Exército.

É o Exército também que regula os clubes de tiro, através do Decreto 3.665 (R-105) e de portarias.

“No último ano, as pessoas têm procurado no sentido de ter proteção, com essa tendência de achar que a arma é a solução. Mas a grande verdade é que, quando entram, as pessoas passam a ser orientadas nesse sentido de defesa. Geralmente, quando vem procurar, o público não tem noção do que é uma arma de fogo. Aqui, passamos todas as informações para que tenham consciência. É importante a população ter ciência disso”, alega Jorge Moura, militar da reserva e instrutor de tiro.

ATIRADORES

Atirador há 1 ano, o empresário Fabio Lopes, de 49 anos, conta que procurou o clube para aprender a manusear a arma de fogo, que ele possui desde os 19 anos, e também para participar de campeonatos e treinamentos.

“Vim buscar conhecimento, fiz todos os cursos do clube, tirei certificações como atirador e acabei me apaixonando. Agora, eu frequento o clube para participar dos campeonatos e também como uma maneira de ter mais convívio com outras pessoas”, revela Fabio.

O empresário Armando Piccinini, de 53 anos, é atirador há 15 anos. Ele conta que resolveu procurar o clube após seu pai ser assassinado, em uma saidinha de banco. Mas que, após frequentar as aulas, descobriu uma verdadeira paixão pelo esporte.

“Quem frequenta clube de tiro não pode estar fora da lei. Não existe nenhum dado que mostre um atirador metido em confusão, crime ou violência. Temos que cumprir uma série de exigências e revisões. Cidadão de bem não frequenta aulas ou tem armas para matar. Isso é um equívoco. Entrei para aprender a atirar, depois eu vi que esse universo é muito maior”, explica Armando.

Já o atirador Clistian Moreira da Silva gostou tanto da prática que pensa em abrir seu próprio clube. “O atirador é classificado por níveis, eu sou nível 1, e é preciso muito treinamento para se tornar um atirador. Certamente, hoje as pessoas estão procurando mais por causa da violência, mas também tem as pessoas que procuram por lazer, como eu”, justifica Clistian.

Dentro do clube em que treina, Edson Bernardo é o novato, pratica o esporte há apenas 1 ano. O militar da reserva pondera que o atirador desportivo “não pode ser um fora da lei”.

“A partir do momento que ele pratica um crime, ele perde todos os benefícios que ele tem como atirador, que é de fazer novas amizades, conhecer pessoas, lugares, participar de competições, ou ter uma arma, ele perde tudo isso aí”, aponta Bernardo.

Fonte: G1 – 01/11/2018.

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